O encontro realizado nos dias 16 e 17 de abril, na Escola Nacional de
Saúde Pública, foi o primeiro do grupo de condução da Rede em 2012.
Nessa oportunidade, foram também discutidos os pontos principais que
deverão integrar a pauta do Encontro Nacional da Rede de Escolas, que
deverá acontecer em setembro deste ano. No segundo dia de atividades, os
representantes estiveram reunidos com o diretor da ENSP, Antônio Ivo de
Carvalho, e com o diretor da Escola de Governo em Saúde da ENSP,
Marcelo Rasga, para analisar diversos aspectos da formação em saúde
pública, retomando o tema da formação do sanitarista nos tempos atuais.
A formação em saúde pública na modalidade a distância suscitou um rico
debate entre os membros do grupo de condução, dirigentes de escolas e
centros formadores de diferentes estados. A coordenadora da
secretaria-executiva da Rede, Tânia Celeste, afirma que se trata de uma
proposta inovadora de formação, conduzida pela ENSP em parceria com os
centros formadores e os demais parceiros do campo da saúde coletiva.
?Pensamos em iniciativas pedagógicas com uma perspectiva inovadora e uma
visão atualizada da Saúde Coletiva. O grupo de escolas presentes apoiou
o projeto, pois ele se soma às demais iniciativas virtuosas de
formação, da graduação à formação de doutores para a área. Devemos
retornar para uma discussão mais ampliada, com docentes da ENSP, no
próximo dia 3 de maio?.
Especialização em Saúde Pública a distância
A proposta de criação da modalidade a distância do curso mais
tradicional da ENSP nasce da discussão sobre a carência de uma formação
nacional, inovadora e contemporânea dos profissionais de saúde nos
estados e municípios brasileiros. Carência essa que, de acordo com o
vice-diretor da EGS/ENSP, Marcelo Rasga, está sendo suprida por
sucessivos processos de formação especializada, mas que não dão conta de
uma formação com as características propostas nesse curso a distância.
?Há um investimento grande do governo na formação profissional. A
demanda por cursos nunca vai cessar, mas precisamos racionalizá-la. Com
base nisso e para uma melhor formação, precisamos definir as funções do
mestrado profissional, da graduação, da especialização, da atualização e
das demais formas de oferta?, admitiu, durante o encontro.
O fato de ser uma formação em todo o território brasileiro foi
comemorado pelo grupo. Além disso, foi enfatizado que isso deveria
possibilitar a construção de referências com um novo significado para a
saúde pública brasileira, além de uma linguagem atualizada e coerente
com os atuais requerimentos sociais e com as abordagens contemporâneas
da atenção à saúde. ?Esse curso retoma uma identidade nacional conferida
pela formação inicial do sanitarista que as formações especializadas em
áreas de concentração não atendem. Além disso, favorece uma discussão
de carreira, onde caberiam muitas outras iniciativas formativas
complementares. A discussão dessa proposta faz parte de uma pauta da
ENSP, que também está convidando outros atores para o seu debate, com o
objetivo de enriquecer, problematizar e contribuir para a sua
formatação, mas também para uma análise atual sobre a formação em saúde
coletiva no Brasil e a configuração de alianças que consolidem um
programa nacional de formação abrangente e inclusivo e, principalmente,
voltado para a consolidação do SUS brasileiro?, disse.
"É preciso resgatar o papel da saúde coletiva"
O conjunto de dirigentes presentes analisou a justificativa apresentada
pelo diretor da ENSP sobre a proposta inovadora. Tânia Celeste destacou
que há um gradiente de ofertas formativas nesse campo e que cada uma
delas cumpre um papel fundamental na profissionalização para os
serviços. ?O SUS é tão complexo que todas as modalidades de oferta são
importantes. No entanto, a gente sente falta de uma formação de caráter
generalista, desde os anos noventa, dirigida ao trabalhador do SUS, e
que confira uma identidade nacional em qualquer parte do sistema e que
não se confunde com a clientela que vem engrossando as fileiras da
graduação, já existente nas diferentes regiões do Brasil, com
expectativa de conclusão das primeiras turmas ainda em 2012?, analisou.
Destacando que as Escolas terão participação ativa na construção desse
processo, o diretor da Escola elogiou a participação dos membros do
Grupo de Condução e classificou como rico o debate sobre a experiência
de cada estado, seus desafios e propostas. Para Antônio Ivo, é preciso
reafirmar o papel da saúde coletiva. Para ele, há um discurso nos dias
de hoje que diminui o papel da saúde. Essa distorção classifica a saúde
pública apenas como o SUS e a saúde privada como os planos de saúde. ?A
defesa da saúde das populações é uma das nossas missões e devemos
resgatar essa essência, que era muito mais ampla na origem do processo
da Reforma Sanitária. O vazio que está colocado é o da formação em larga
escala desse profissional; portanto, precisamos de uma revisão, um up-grade
pedagógico e tecnológico, pois não podemos falar em Rede sem
tecnologia. Trata-se de um curso em larga escala, de caráter nacional e
articulado ao sistema de saúde?.
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